Friday, June 16, 2006

******VIAGEM AO TUNEL DO TEMPO COPA DO MUNDO 1958******

OLA AMIGOS BOA NOITE . TUDO BEM COM VOCËS.
ESTÁO PRONTOS PARA MAIS UMA VIAGEM AO TUNEL DO TEMPO.
HOJE VOU COMECAR A RETRATAR UM POUCO SOBRE A COPA DO MUNDO.
ATE O DIA 13 DE JULHO QUE SERA O ENCERRAMENTO DA COPA DO MUNDO.
DURANTE ESTE MËS VOU RELATAR SOBRE A HISTORIA E OS BASTIDORES DE TODAS AS COPAS QUE O BRASIL JA PARTICIPOU.
VOU COMENTAR SOBRE TODOS OS JOGADORES DE TODOS OS TEMPOS ATE OS DIAS DE HOJE.
ESTA CAPA DE REVISTA MANCHETE ESPORTIVA PERTENCE AO MEU ACERVO DE OBRAS RARAS.
NA FOTO APARECE O CAPITÁO DA COPA DE 1958 CAPITÁO BELLINE.
ESTE FOI O PRIMEIRO TITULO QUE O BRASIL HANHOU A COPA DO MUNDO.

******A PRIMEIRA COPA EM 1930******

Desde dos primórdios, quando nem era considerado um esporte sério, o futebol já encantava multidões. Mas o caminho para a realização da primeira Copa do Mundo era cheio de problemas.

No dia 21 de maio de 1904 nasceu a FIFA (Federação Internacional de Futebol Association). Representantes da França, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Suécia e Suíça, elegeram o jornalista francês Robert Guérin como seu primeiro presidente,

No dia 1º de março de 1921, o advogado francês Jules Rimet, de 47 anos, foi eleito presidente da FIFA, posição que ele já ocupava interinamente desde de 1918. Embora a FIFA contasse com apenas 20 paises filiados, naquele inicio dos anos 20, um dos projetos mais ambiciosos de Jules Rimet era a realização de um torneio mundial de futebol, independente dos Jogos Olímpicos.

A idéia não era nova, mas o persistente Jules Rimet seria o primeiro a tentar, seriamente, e tirar do papel e leva-la a prática. Depois dos Jogos Olímpicos de 1920, em Antuérpia, a Inglaterra totalmente profissionalizada, se desinteressou pelo torneio olímpico. Isso deu chance a que outros paises se destacassem nos gramados. Em Paris no ano de 1924, os europeus descobriram que também se jogava, e bem, no Novo Continente. O Uruguai e os Estados Unidos representaram as Américas e os uruguaios, com um futebol de extrema habilidade, se sagrou campeão olímpico. Em 1928 os uruguaios repetiram a dose e se sagram bi campeões.

No congresso da FIFA em Amsterdã, no dia 26 de maio de 1928, ficou decidido que a primeira Copa seria realizada de quatro em quatro anos. Três anos antes dessa decisão, em 1925, num encontro em Genebra (Suíça), o embaixador do Uruguai para os Paises Baixos, Enrique Buero, já manifestara a Jules Rimet o interesse do seu pais em sediar a primeira Copa do Mundo. Até pela falta de concorrente, o Uruguaio saiu na frente. Mas, apesar do interesse manifestado, nada de prático estava sendo feito em Montevidéu naqueles anos. Somente em fevereiro, três meses antes da data marcada para a escolha do pais-sede, dois dirigentes do Nacional, José Usera e Roberto Espil, apresentaram a Federação Uruguaia um plano concreto, que incluía a construção de um estádio. Poucos levaram a sério. Muitos duvidavam da viabilidade do projeto.

Cinco paises europeus também haviam se apresentado para sediar o mundial no ano seguinte: Itália, Hungria, Holanda, Espanha e Suécia. Os quatro últimos desistiram para apoiar a Itália, que tinha como seu grande incentivador, o ditador Mussolini. Mas que encantou mesmo foi à proposta financeira dos uruguaios. Além de construir um estádio, eles dispunham pagar todas as despesas de viagem e alimentação dos participantes. E por aclamação, os sul-americanos ganharam a concorrência. A Itália resolveu não participar, o que provocou um efeito dominó.

A FIFA contava com 46 filiados e enviou convites de participação para todos, imaginando, com certo otimismo, que metade responderiam “sim”. O Brasil, filiado desde de 1923, aceitou, assim como a maioria dos sul-americanos. Mas, no dia 30 de abril de 1930, data do encerramento das inscrições, nenhum dos 17 representantes da Europa havia aderido. A maioria alegava a crise econômica e a grande distância até o Uruguai. Os uruguaios sabiam que a ausência dessas seleções, consideradas, juntamente com a Inglaterra, as maiores forças do Velho Continente, empobreceria tecnicamente a Copa. Injuriado, o Uruguai ameaçou não só cancelar o mundial como também abandonar a FIFA.

Jules Rimet sentiu que seu sonho de uma festa universal de futebol estava indo Poe água a baixa e que era preciso reverter à situação. Presidente licenciado da Federação Francesa, ele praticamente, obrigou seu pais a participar. Campeã Olímpica em 1920, a Bélgica foi o segundo pais a confirmar sua ida a Montevidéu, graças ao empenho de Jules Rimet. Sem pressões nem pedidos especiais, a Iugoslávia decidiu aceitar o convite da FIFA. Apesar do desprezo de muitos paises europeus, o Uruguai construiu até um belo estádio e organizou com muito esmero todos os detalhes da grande festa do futebol.

Jogo final – 30 de Julho de 1930.
Uruguai 4 x Argentina 2
Gols de Dorado (U). Peucelle (A) e Stabile (A) no primeiro tempo. Cea(U). Iriarte (U) e Castro (U) no segundo tempo.
Juiz: Jean Langenus (Bélgica).
Estádio: Centenário.
Publico estimado: 70 mil torcedores.
Horário: 14 horas.
Uruguai (Campeão); Ballesteros. Nasazzi e Mascheroni. Andrade. Fernandez e Gestido. Dorado. Scarone. Castro. Cea e Iriarte.
Argentina (Vice): Botasso. Della Torre e Patenoster. Juan Evaristo. Monti e Suarez. Peucelle. Varello. Stabile. Ferreira e Mario Evaristo.’


O Brasil levou 24 jogadores.
5 do Fluminense.
4 do Botafogo.
4 do Vasco.
3 do São Cristóvão.
2 do Flamengo.
2 do América.
1 do Americano de Campos.
1 do Goitacaz.
1 do Ypiranga de Niterói.
1 sem clube.

Osvaldo VELLOSO de Barros (Fluminense).
JOEL de Oliveira Monteiro (América).
FERNANDO Giudicelli (Fluminense).
Alfredo BRILHANTE da Costa (Vasco).
ITALIA Luiz Gervasoni (Vasco).
ZÈ LUIZ José Luiz de Oliveira (São Cristóvão).
OSCARINO Costa da Silva (Ypiranga).
IVAN MARIZ (Fluminense).
Agostinho FORTES Filho (Fluminense).
PAMPLONA Estanislau de Figueiredo (Botafogo).
FAUSTI DOS SANTOS Nascimento (Vasco).
BENEVENUTO Humberto de Araújo (Flamengo).
HERMOGENES Fonseca (América).
PREGUINHO João Coelho Neto (Fluminense).
NILO Murtinho Braga (Botafogo).
BENEDICTO Dantas Moraes Menezes (Botafogo).
Carlos Alberto Dobbert de CARVALHO LEITE (Botafogo).
RUSSINHO Moacyr de Siqueira Queiroz (Vasco).
THEÒFILO Bettancourt Pereira (São CRISTÓVÃO).
DOCA Alfredo de Almeida Rego (São Cristóvão).
MODERATO Wisintainer (Flamengo).
POLY Polycarpo Ribeiro de Oliveira (Americano).
MANOELZINHO Manoel de Aguiar (Goitacaz).
ARAKEM Abraham Patusca da Silveira (sem time).

Comissão Técnica:
Chefe da delegação – Afrânio Antonio da Costa.
Secretario - Horace Wener.
Representante junto a FIFA – Sylvio Netto Machado.
Cronista – Otavio Antonio da Silva e Sylvio Vasques.
Massagista – Ovídio Dionysio do Flamengo.
Médicos – Fábio de Oliveira e João Paulo Vinel de Moraes.
Arbitro – Gilberto de Almeida Rego.
Comissão Técnica – Pindaro de Carvalho Rodrigues e Egas de Mendonça.

Panelinha ou discriminação ?
Em 1966, Arakem Patusca declarou ao jornal Gazeta Esportiva de São, Paulo que a seleção chegou ao Uruguai dividida em panelinhas. Segundo ele, os atletas do Fluminense e Botafogo – clubes aristocráticas – na comparação de Vasco, Flamengo e outras – tiveram acomodações mais confortáveis , tanto no navio Conte Verde com no Grande Hotel da Cave Colón, em Montevidéu., gerando um clima ruim entre os jogadores.

O Brasil foi de carona rumo a Montevidéu.
No dia 20 de junho de 1930, uma sexta feira, o navio italiano Conte Verde zarpou de Gênova com a delegação da Romênia a bordo. No dia seguinte, fez escala em Villefranche-sur-Mer, na França, onde embarcaram os franceses e os dirigentes da FIFA, entre eles Jules Rimet. A parada seguinte foi em Barcelona, onde entraram os belgas, que tinham ido de trem até a Espanha. Depois, houve paradas técnicas em Lisboa, na Ilha da Madeira e nas Ilhas Canárias, antes de chegar ao Rio de Janeiro, onde os brasileiros subiram a bordo. Após dois dias de descanso na cidade, que incluíram uma visita das seleções estrangeiras às Laranjeiras, estádio do Fluminense e uma inesquecível noite nos cabarés cariocas, o Conde Verde zarpou no final da tarde de 2 de julho. Arakem Patusca, o paulista solitário subiu a bordo em Santos. Por problemas particulares, o técnico Pindaro de Carvalho e os jogadores Joel e Teófhilo só se juntaram ao grupo uma semana depois. Viajaram para Montevidéu no Almanzora, um transatlântico britânico com capacidade para 1.390 passageiros que fazia a rota de Southampton até o Rio da Prata.

De olha na taça.
Durante toda a viajem da França ao Uruguai, Jules Rimet não se separou de sua valise nem para ir ao banheiro. Dentro dela estava a preciosa taça de ouro, a Copa do Mundo. Logo após desembarcar em Montevidéu, ele exibiu pela primeira vez a Victoire aux ailes d’or. Vitória com asas de ouro. Com 30 centímetros de altura e pesando 4 quilos (1,8 quilos de ouro maciço), o troféu foi montado sobre um pedestal de lápis azuli. A taça custou 50.000 francos – o equivalente a 14.500 dólares, uma fortuna na época – dinheiro suficiente para comprar uma frota de automóveis Mercedes-Benz. Foi criada pelo escultor francês Abel Lafleur, funcionário do Museu de Belas Artes de Rodez. Por sorte, Rimet encomendou o trabalho com um ano de antecedência. Lafleur, pouco acostumado a trabalhar com ouro, consumiu mais de sete meses na confecção da peça.

A bola de gomos costurados a mão com o bico amarado.
A bola utilizada na Copa eram chamadas de tiento, nome pela qual também ficaram conhecidas no Brasil de tento. Eram de couro, de cor marrom escuro, com gomos retangulares costurados a mão e um bico para encher a câmara interna, de borracha. O bico era depois dobrado e colocado para dentro da bola, ficando entre o couro e a câmara. Sé então a abertura era amarrada, como se faz com um cadarço de sapato, com uma estreita tira de couro criando um calombo que não apenas influía na trajetória da pelota como também podiam causar ferimentos. Por isso, alguns jogadores usavam, gorros reforçados internamente com folhas de jornal.

******BRIOGRAFIA DO CAPITÁO BELLINE DA COPA DE 1958******

Na seção que fim levou você vai encontrar os craques do passado.

Bellini (ex-zagueiro do São Paulo e seleção)

******BELLINI******

Hideraldo Luis Bellini, nosso primeiro capitão campeão do mundo, em 1958, natural de Itapira (SP), continua morando em São Paulo, capital, desde que chegou do Rio de Janeiro, do Vasco para o São Paulo, em 1963.

Educado, fino, o grande Bellini não dá bola para os cartolas, principalmente para os da CBF. Nunca se sujeitou "às falsas homenagens que só são feitas aos ex-craques às portas dos mundiais", sempre enfatizou.

Normalmente arredio, nosso inesquecível capitão de 58, fechou-se mais ainda após a morte do seu grande amigo Mauro Ramos de Oliveira, em 2002.Bellini via em Mauro um irmão, nunca um rival da camisa 3 da seleção brasileira.

Ele disputou três Copas do Mundo: 58, 62 e 66. Jogou pelo Vasco de 1952 a 1963, pelo São Paulo de 63 a 68 e pelo Atlético Paranaense em 68, quando encerrou sua carreira.

No Vasco, Bellini ganhou o Super-Supercampeonato Carioca de 1958, naquele fantástico time cruzmaltino que tinha Miguel, Paulinho de Almeida, Orlando Peçanha, Coronel, Écio, Sabará, Pinga, Roberto Pinto, Vavá, dentre outros.
Foi uma sugestão do conselheiro tricolor e grande jornalista esportivo Paulo Planet Buarque. A carreira de estilista do querido Paulo Planet não emplacou, assim como a estranha camisa.

Bellini foi um dos 47 jogadores convocados, pelo técnico Vicente Feola, para o período de treinamento que visava conquistar a Copa da Inglaterra e, consequentemente, o tricampeonato mundial de futebol. Infelizmente deu tudo errado.

Os 47 jogadores convocados, devido a forte pressão dos dirigentes dos clubes, para o período de treinamento em Serra Negra-SP e Caxambu-MG como preparação para a Copa de 66, na Inglaterra, foram: Fábio – São Paulo, Gylmar – Santos, Manga – Botafogo, Ubirajara Mota – Bangu e Valdir – Palmeiras (goleiros); Carlos Alberto Torres – Santos, Djalma Santos – Palmeiras, Fidélis – Bangu, Murilo – Flamengo, Édson Cegonha – Corinthians, Paulo Henrique – Flamengo e Rildo – Botafogo (laterais); Altair – Fluminense, Bellini – São Paulo, Brito – Vasco, Ditão – Flamengo, Djalma Dias – Palmeiras, Fontana – Vasco, Leônidas – América/RJ, Orlando Peçanha – Santos e Roberto Dias – São Paulo (zagueiros); Denílson – Fluminense, Dino Sani – Corinthians, Dudu – Palmeiras, Edu – Santos, Fefeu – São Paulo, Gérson – Botafogo, Lima – Santos, Oldair – Vasco e Zito – Santos (apoiadores); Alcindo – Grêmio, Amarildo – Milan, Célio – Vasco, Flávio – Corinthians, Garrincha – Corinthians, Ivair – Portuguesa de Desportos, Jair da Costa – Inter de Milão, Jairzinho – Botafogo, Nado-Náutico, Parada – Botafogo, Paraná – São Paulo, Paulo Borges – Bangu, Pelé – Santos, Servílio – Palmeiras, Rinaldo – Palmeiras, Silva – Flamengo e Tostão – Cruzeiro (atacantes).

Dos 47 convocados por Vicente Feola, para esse infeliz período de treinamentos, acabaram viajando para a Inglaterra os seguintes 22 "sobreviventes": Gilmar e Manga (goleiros); Djalma Santos, Fidélis, Paulo Henrique e Rildo (laterais); Bellini, Altair, Brito e Orlando Peçanha (zagueiros); Denílson, Lima, Gérson e Zito (apoiadores); Garrincha, Edu, Alcindo, Pelé, Jairzinho, Silva, Tostão e Paraná (atacantes

******O BRASIL CONQUISTA SEU PRIMEIRO TITULO EM 1958******

As cinco horas da tarde do dia 24 de maio, comissão técnica e vinte e dois jogadores embarcaram para a Europa. Antes da estréia na Suécia, o Brasil faria dois jogos na Itália. Pelo mesmo marcador de 4x0, ganhamos da Fiorentina e da Internacionale. No jogo de Florença, quando Garrincha driblou toda defesa italiana, esperou o zagueiro voltar para driblar novamente antes de fazer o gol, a torcida aplaudiu de pé a jogada do Mané. Garrincha era genial para os italianos. Para membros da comissão técnica, Garrincha era um irresponsável.

Futebol não é brincadeira, é coisa séria. Nestes jogos, Feola definiu o time titular para a estreia. Pelos três gols que marcou nos dois jogos na Itália, Dida se manteve como titular. Pelo que fez contra a Fiorentina, Garrincha foi barrado por Joel.

Sem Garrincha e outros jogadores que tinham condições de jogar, o Brasil fez sua estreia na Copa do Mundo no dia 8 de junho, na cidade de Udevalla, diante da Áustria. Coincidência ou não, o time escalado atendia plenamente as recomendações do relatório sigiloso, já que dos onze jogadores , nove eram brancos, um de cor (Didi) e outro moreno (Dida).

O primeiro jogo não apresentou maiores problemas para os brasileiros que venceram os austríacos por 3x0, com dois gols de Mazola e um de Nilton Santos. Lenda ou não, muitos afirmam que o lance do gol de Nilton Santos, serviu para mostrar o quanto Feola estava longe da realidade. Quando Nilton desarmou o adversário e partiu para o ataque, Feola teria gritado para o lateral voltar e marcar, deixar o ataque para os atacantes. O craque do Botafogo tabelou com Mazzola e marcou o segundo gol do Brasil. Depois do gol, o treinador aplaudiu.

O segundo jogo foi realizado no dia 11 de junho em Gotemburgo contra a Inglaterra. Mesmo com os brasileiros jogando melhor o marcador não saiu do zero a zero. Foi o resultado deste jogo que levou, o capitão Belini mais Didi e Nilton Santos conversarem com Vicente Feola nos jardins da concentração de Hindas sobre a próxima partida contra os russos. Didi, por exemplo, achava que o meio campo precisava de um jogador menos clássico e mais vibrante que Dino Sani. Um jogador como Zito que estava na reserva. Belini lembrava que Mazzola andava com a cabeça cheia das propostas do futebol italiano e, milhões de liras estavam a sua espera depois da Copa. Os outros concordavam que o centro avante estava uma pilha de nervos.

Também todos concordavam que já era tempo de dar uma oportunidade da Pelé. O garoto tinha apenas 17 anos, é verdade, mas sangue novo ajudava. Por ultimo Nilton Santos argumentou – “Joel é um bom jogador, aplicado e raçudo. Mas precisamos do Garrincha para surpreender esses gringos. Sem Garrincha não vamos furar as defesas européias”. Feola ouviu atentamente as ponderações de Belini. Didi e Nilton Santos, jogadores que ele respeitava e admirava. No dia do jogo resolveu escalar Zito. Garrincha e Pelé.

As substituições na seleção brasileira, deixaram o treinador russo Katchaline otimista. No dia 15 de junho, o estádio de Nya Ullevi, em Gotemburgo, recebia 50 mil torcedores, o maior publico de todo o campeonato. O Brasil ia jogar com o irresponsável Garrincha, o inexperiente Pelé e o desconhecido Zito. Os dois primeiros minutos daquela partida constituem um dos mais belos momentos da história de todas as copas. Com os dribles seguidos de Garrincha no lateral Kuznetsov, os marcadores se multiplicaram a frente daquele fenômeno de pernas tortas. Novos dribles de Garrincha, um chute de Garrincha na trave, um passe perfeito de Didi para Vává e gol do Brasil. Tudo isso em dois minutos de jogo para desmoronar o otimismo do técnico russo. Seus informantes, os comentaristas da France Football, não avisara que o titular Joel tinha um fantástico reserva. O Brasil ainda partiu para o segundo gol também de Vává. Com a vitória de 2x0, a seleção, quase por acaso, acertava uma escalação definitiva para o restante do campeonato. A Rússia, apesar de derrotada, se classificou. Áustria e Inglaterra voltaram para casa.

Nos outros grupos, França e Iugoslávia superaram Escócia e Paraguai. Alemanha e Checolováquia se classificaram. Argentina e Irlanda do Norte ficaram no meio do campo. Suécia e Pais de Gales foram os primeiros do seu grupo. Hungria e México não passaram para as quartas de final.

Os jogos desta nova fase da Copa foram realizados no dia 19 de junho. A Alemanha venceu a Iugoslávia, a França derrotou a Irlanda do Norte e a Suécia foi brilhante diante da Rússia. Ao Brasil coube enfrentar o País de Gales, cuja seleção, trancada durante noventa minutos de jogo, parecia ter entrado em campo com a preocupação de não ser goleado. Um gol de Pelé, no segundo tempo, fez o Brasil respirar aliviado com aquele 1x0. Uma vitória dificílima na cidade de Gotemburgo. Os brasileiros encantavam os europeus e, em particular, os suecos. A concentração de Hindas era aberta para os torcedores locais.

A simpatia dos jogadores brasileiros e as brincadeiras que eles faziam com os jovens suecos, faziam com que toda torcida estivesse do nosso lado.

As semi finais, no dia 24 de junho, daria a Suécia uma dupla alegria. Sua vitória sobre a Alemanha e o triunfo do Brasil contra a França. Nada melhor do que uma final entre Brasil e Suécia para coroar a brilhante realização de uma Copa do Mundo. O jogo contra a França foi mais uma grande exibição dos brasileiros. O menino de 17 anos, chamado Pelé, continuava fazendo das suas. Seus três gols começaram a lhe garantir o titulo de Rei Pelé. Foi a consagração definitiva aos olhos do mundo.

Mais uma vez aqueles que entendiam de futebol no mundo inteiro fizeram suas previsões. Tecnicamente, não negavam a superioridade dos brasileiros. Mas, os suecos podiam repetir a façanha dos uruguaios em 1950 e dos alemães em 1954, fazendo com que a melhor equipe perdesse a última batalha.

As chances suecas apoiavam-se em três pontos. A camisa, o tempo e o primeiro gol. As camisas das duas seleções eram amarelas, de modo que teria de haver um sorteio para decidir qual dos dois países mudaria de uniforme. Se o Brasil perdesse, diziam os entendidos, seus jogadores, supersticiosos como eram, podiam ficar nervosos. O tempo chuvoso, o campo pesado, eram prejudiciais aos brasileiros que eram mais técnicos, mais leves. Quanto ao primeiro gol, se coubesse ao time da casa marcá-lo, certamente forçaria o Brasil a abandonar seu 4-2-4 para se lançar imprudentemente ao ataque, o que facilitaria os suecos explorarem sua melhor arma que eram os contra ataques.

Os brasileiros recebiam todas essas previsões com bom humor e na maior tranqüilidade. O único problema era o zagueiro De Sordi que se mostrava irrequieto, apreensivo e tenso. Ele não conseguiu dormir na noite que antecedeu ao jogo. O problema foi passado para Dr. Hilton Gosling. O médico ficou sem saber o que fazer. Manter a escalação de De Sordi, mesmo depois de uma noite de insônia ou simplesmente contar o fato ao Feola e solicitar sua substituição. Entretanto, dr. Hilton pensou rapidamente na questão e partiu para uma decisão inteligente e elegante. Primeiro conversou com Djalma Santos que estava tranqüilo e com muita vontade de jogar. Depois mandou chamar De Sordi que, logo após o jogo contra a França, reclamava de dores nas pernas. Embora o médico soubesse que as dores cessariam tão logo o jogador fossem massageado para entrar em campo, examinou o zagueiro e, com ares de quem estava preocupado, perguntou se ele ainda sentia dores nas pernas. De Sordi disse que sim. Então, dr. Hilton Gosling sentenciou: “Bem, não podemos nos arriscar. Pode ser um principio de distensão e não queremos ficar sem você no meio do jogo. Sinto muito, De Sordi, mas infelizmente desta vez você está de fora”.

Choveu muito no dia da final e o campo ficou encharcado como os suecos queriam. O Brasil teve que mudar a camisa amarela pela azul, também como os suecos queiram. E o primeiro gol, logo no inicio da partida, foi feito por Liedholm, ainda como os suecos queriam. Além disso, mais um titular do Brasil não jogaria. De Sordi cederia seu lugar a Djalma Santos. Mas, a Copa do Mundo de 1958, desta feita, premiou a melhor equipe do campeonato, contrariando os entendidos do futebol. Ainda mais por uma goleada, o maior placar de uma final de Copa do Mundo.

Com uma atuação perfeita, técnica, física e psicologicamente, os brasileiros se tornaram campeões mundiais pela primeira vez. Tinha um goleiro frio como Gilmar. Uma linha de zagueiros com Djalma Santos que anulou o craque da Suécia Skoglund. O atlético Belini que jogava de peito estufado e liderava o time e o clássico Nilton Santos esbanjando talento. Um meio campo com o dinâmico Zito e o genial Didi que garantiam todo o equilíbrio do time. E um ataque no qual a magia de Garrincha, a coragem de Vává, o sangue novo de Pelé e o aplicado Zagalo, formavam um quarteto irrestível. Terminado o jogo, o Rei Gustavo da Suécia entregou a taça de ouro ao capitão Belini que a ergueu num gesto histórico. E concluiu que a Copa do Mundo estava em boas mãos.

A Copa do Mundo estava realmente em boas mãos, apesar de muitas ironias que marcaram sua conquista pelo Brasil. Ironia de saber que Pelé, Garrincha e Zito saíram daqui como meros reservas, sendo escalados em Hindas, praticamente por acaso. Ironia de se saber que muito do êxito brasileiro se atribui ao plano de Paulo Machado de Carvalho, um plano que quase toda a imprensa esportiva criticou, ridicularizou e tentou destruir. Ironia de se saber que esse mesmo plano levou muito em conta aquele “relatório sigiloso”, falando da emotividade do jogador de cor, de sua vunerabilidade, de seus nervos frágeis, para que, no dia da grande final, fosse justamente a bravura, a personalidade, o caráter do negro Djalma Santos a única solução que o Brasil encontrou para substituir, os nervos tensos do branco De Sordi.

A VOCË CAPITÁO BELLINE DA COPA DE 1958 ESTA SINGELA HOMENAGEM DE SEUS AMIGOS E FÁS E FAMILIARES.

******REFERÉNCIA BIBLIOGRAFICA******

http://www.museudosesportes.com.br/copas.php
http://miltonneves.uol.com.br/qfl/index.asp?id_qfl=496
REVISTA MANCHETE ESPORTIVA PERTENCE AO MEU ACERVO DE OBRAS RARAS ROBERTO SECIO.

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